quarta-feira, 25 de junho de 2014

Carrossel

O primeiro passo é dado
Suave e acanhado
As mãos flutuam
Brincam por entre estruturas de porcelana
Sobre vigas e sobre curvas
O ar parado em meio a um cenário pastel
O sentimento de compreensão
O fim que nunca chega, o círculo perfeito
O movimento perfeito
A música que acelera delicadamente
As mãos abraçam os cilindros
As crinas frias tocam a pele quente
Nesse momento noto as marcas
Que o reflexo da porcelana e a cor do sol escondem
As marcas e as lascas que o tempo forçou
Imperiosamente contra o esmalte salmão
De longe é tão fácil não compreender
Que aquele movimento indolente
Que aquela estrutura que paira no imaginário
Usa de toda força que tem para seguir girando
É tão fácil pensar que não há uma máquina
Um mecanismo por trás de cada gesto
Mas há, assim como marcas há
Sorrisos e gritos de viva!
Eu também quero.
E eu passeio as minhas mãos bandeirantes
Cerrando toda luz
Pelos sulcos da tua pele de vidro
Pela aspereza das tuas lascas
Não sinto tontura mais, me acostumei às voltas
E em um movimento lánguido, meus braços envolvem
E amparam o teu gélido pescoço
Minhas mãos se encontram, e entre elas
A beleza já tocada, as lascas de esmalte e o marfim
Enfim, pra mim, em mim até o fim?
Quanto durará essa valsa?
Nem sinto o tempo passar mais.
Que dirá planejar

De onde parte, e onde o circulo me deixará.

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