sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Recipientes

Experimente perguntar a alguém ligeiramente arrogante ou espertinho qualquer coisa para ter a resposta: - Procura no google.
Ora, quão ignorante essa pessoa está sendo ela não consegue alcançar, eu suponho.
Sabendo que viemos de uma época em que não haviam muitos recipientes de dados que não eram livros, e principalmente o cérebro humano, notamos que a simples atitude de mandar alguém “procurar no google” algo remete a um afastamento e ao egoísmo inerente da sociedade.
Antigamente, quando queríamos fazer algo simples, mesmo passar de uma fase do Super Mario, ou aprender manha para dar um jeito no motor do carro, procurávamos uma pessoa, buscávamos o conhecimento e o armazenamento do cérebro humano, e por fim víamos na pessoa que possuía o conhecimento uma maneira de o conseguirmos. Gerando assim, além do perdurar do conhecimento, a inerente interação e feedback entre dois seres. Tornando assim, o segundo um possível recipiente de dados a ser passado em frente. A ser ensinado.
Hoje não precisamos mais disso, nosso cérebro não precisa lembrar como antes. Você lembra todos os números de telefone que precisa? Ou sabe de cor o endereço dos lugares que precisa ir? Ou mesmo pensa em como descobrir para passar daquela fase difícil? Você busca no google, pois o site substituiu o amigo que sabia a manha. Hoje, nosso amigo que sabe tudo é a nuvem de dados da internet. Sim, isso tem seu lado bom, pois podemos utilizar nossa capacibilidade cerebral que restou livre após o advento da era informacional na nuvem para que nos desenvolvamos mais, criemos mais, sejamos mais criativos. Mas eu vejo um pouco como um vício, egoísmo, e uma cumplicidade cada vez maior ao amigo que sabe tudo, o Google. Nos tornamos dependentes de uma ferramenta, e sem querer começamos a tornar não somente a tecnologia que criamos obsoleta, mas a nós mesmos. Então, quando te perguntarem algo. Responda, pense, pois obviamente, não é somente a informação que será repassada, mas sim a capacidade de criar laços e exercitar a nossa inteligência coletiva. Além de dar uma lição nos espertinhos, e ser simpático.
Afinal, ainda não dependemos de hds extra para lembrar do aniversário daquela pessoa.
Não seja egoísta, o teu conhecimento não deve depender de isolamento magnético, nem de alimentação elétrica. O maior conhecimento ainda é o seu, e como minha mãe me ensinou, a única coisa que levamos é o conhecimento.

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