segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Pepinos

Qual a real dimensão do amor?
Existe algo que consiga mensurar o tamanho desse sentimento?
Ou mesmo as implicações do amar?
Entendo que amar é lembrar-se dos pepinos.
Lembro quando ela abriu pela primeira vez minha geladeira.
Com pouca, ou quase nenhuma roupa.
Vestia, se não estou enganado, todas as cores e luzes.
Debruçou-se sobre meu frigobar, onde entrevi por entre seu sorriso
Alguns centímetros de cores, logo escondidas
E, uma exclamação.
Como a de Colombo ao avistar terra após longo tempo no mar.
Ela exclamou pra dentro do frigobar, o enchendo de verão
Eu, sem entender, me aprumei e a observei.
Como o desabrochar de uma flor, ela desenrolou sua coluna preguiçosamente
E com as mãos em um pote de pepinos me saudou
Me disse: Eu amo esses pepinos! Eu os amo!
E observei ela forçar a tampa com dificuldade e se servir.
Uma, duas, três vezes, voraz.
Eu a observei e sorri.
Desde esse dia, não foram muitos os momentos em que a tive por perto.
O destino quis assim, mesmo que o desafiasse.
Porém, um aspecto da minha vida mudou.
Meu frigobar não tem muitas coisas, não costumo ficar em casa.
Porém, desde esse dia em diante, nele existe fresco e recém escolhidos
Um vidro de pepinos, da marca que ela gosta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário