terça-feira, 4 de novembro de 2014

Opereta da Falta

I

O mais difícil da falta é realmente não saber o que é mais difícil.
Será que seria o fato de que a comida perde o gosto sem ti?
Ou que o vento deixa de ser o coadjuvante do movimento dos teus cabelos,
para ser o herói da minha epopéia fracassada
Talvez seja pelo fato de eu abraçar o nada em busca da tua presença?
Sábios diriam que talvez seja pelo simples fato
De que não nascemos para agirmos, sentirmos, progredirmos, ousarmos, transformamo-nos,
para injustamente partirmos?
Eu pensaria em todos os olhares em silêncio também
Do desamparo da mão que não segura a outra
Do tempo que passa e embaça meus olhos
Também pode ser que o fato do primeiro pensamento e o último serem direcionados a ti.
Como se todos os restantes não assim fossem
Os problemas tomam corpo, os emblemas se tornam estandartes
E estes mesmos partem para uma guerra silenciosa
Uma guerra fria, onde o prêmio é completamente intangível

II

Seria a incerteza a maior vilã?
A falta de fé, temerária característica do homem que amadurece
As cores que se tornam opacas?
As vozes que se tornam insuportáveis sem a tua presença no fim do dia?
Quem sabe seriam as horas, dias, anos, séculos
Que os minutos de espera se tornam sem o teu sorriso?
Ou que todos os sorrisos passem a ser esgares de uma provocação
Que até mesmo a natureza zombe de mim em cada folha que nasce
Em cada projeção de pétala ou mesmo que o sol icônico continue a brilhar
O perder do sentido? Dos sentidos? Do que eu havia um dia sentido?
Sentido rapaz! Não é hora de dormir.

III

O ruim é sentir que não passas de um espectador
De um filme chato que aliança o clímax ao teu cair de malas
E reinicia ao teu subir os degraus
E em uma perspectiva agressiva e friamente matemática
Te projeta entre o norte e o sul
Fazendo todo o azul
Se esvair no grito de um suspiro e baixar de olhos

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