terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Poemas de vestir

Suaves movimentos
Sinuosidades silvantes
Por entre as transparências
Que não me deixam entrever
Nem por um momento deixar de ver

Seus movimentos antes prisioneiros
São agora um mistério e opacidades
Que reside atrás das cortinas que não se abrem
E porque se abririam?
Para estragar o segredo?

Suave sublime
Um desfile de texturas e cores
Poá, geométrico, liso
Sinceramente, poderia até quere-lo no piso
Mas prefiro ele longe
Como se ensaiasse um ballet matutino

Seus movimentos antes retesos e firmes
Hoje se perdem em meio a drapeados
Se insinuam por entre luzes, sombras, máscaras e filtros
Que são coreografados
Por entre teus braços, pernas e panos

Você debocha na cara da física
Tomara que caia! Mas não cai
Luta com as forças da natureza!
Quando ela mesma escolhe lhe sorrir
Brincando de levantar suas cortinas

Um grito, um movimento
A bolsa ao chão
A epopéia em câmera lenta
Em que suas pernas aparecem
E são banhados de rubor
Calor, amor, suor... senhor....

Até o teu pudor
É um ato orquestrado pelo calor
Executado pelo ballet do teu corpo
E observado, boquiaberto
Pelos passantes
Pelos pedintes, como eu.

Quem dera eu um dia escreva um poema
Que se equipare ao lirismo
Dos vestidos que tu veste
Quem me dera meus versos sejam tão doces
Quanto as transparências que te envolvem





Nenhum comentário:

Postar um comentário